O meu nome é Oliveira, Zé Oliveira. Sou um fan do Tralhas.
Desejava contribuir mais frequentemente com o Tralhas mas tenho pouco tempo disponível.
No entanto, coloquei 30.000 capas de BD no site Arca Lusitana
para ajudar os colaboradores do Tralhas.
As capas são um grande problema das digitalizações porque são a parte das revistas
que se deteriora mais facilmente.
Clica na imagem para aceder ao site Arca Lusitana.
Eis a história da minha vida:
Eu nasci numa aldeia perto da Figueira da Foz.
Quando eu nasci ainda vigoravam condições de vida medievais,
na minha infância vi surgir a revolução industrial,
no fim da adolescência vivi a revolução dos computadores e
quando cheguei à Universidade vi surgir a revolução da internet.
Mas vejamos alguns pormenores... A minha infância ainda foi numa altura em que quem queria brinquedos tinha que os construir. As diversões mais populares para rapazes eram: a bola, o pião, o berlinde, a malha, o prego, o aro de bicicleta, carros de rolamentos, jogo das escondidas, jogo de cowboys, pesca, etc.
Diversões para rapazes.
As diversões mais populares para raparigas eram: jogo da macaca, do elástico, da estátua, a boneca de palha, etc.
Diversões para raparigas.
Na minha infância foi fácil entrar em contacto com a banda desenhada porque ainda eram distribuídas grandes quantidades por todo o país. Por isso, era normal todas as crianças terem contacto com a BD. Por falar em BD, dantes a BD não se chamava BD. Durante a década de 1960 foram publicadas tantas revistas BD com aventuras Western que as pessoas começaram a chamar-lhes "livros de cowboys". As primeiras revistas de BD que eu me lembro ter foram estas (tinha eu 6 anos):
As minhas primeiras revistas de BD.
Mas, a coisa não era fácil: nas aldeias era difícil obter dinheiro para comprar BD e, os pais andavam sempre a chatear sobre o assunto porque achavam que era desperdício de tempo e dinheiro. Para ler descansadamente, tínhamos que colocar a BD dentro de um livro de estudo... E, para poupar nos custos, tínhamos que comprar revistas usadas em lojas especializadas. Os jovens de agora não fazem ideia da emoção que dava comprar mais uma revista de BD. Os momentos mais felizes dos jovens eram quando aparecia mais uma revista de BD no quiosque. Não havia cinema, TV, videogames, telemóveis, internet… A BD era a maior fonte de informação e de diversão. Foram os heróis da BD que moldaram a juventude durante gerações fornecendo instrução, educação, diversão e experiência de vida.
Diversão: Uma piada essencialmente visual.
Diversão: Uma piada de comportamento..
Informação: Muitos factos sobre o universo.
Experiência de vida: Há pessoas que só acreditam nas suas próprias ideias.
Podemos aproveitar muitas coisas que aprendemos nas páginas da BD na nossa vida. Muitas vezes aproveitamos mesmo sem ter consciência disso. Por exemplo, sobre este último caso, provavelmente já encontrámos muitas pessoas com ideias erradas e que se negam a aceitar a verdade. Normalmente, é inútil tentar convencer alguém que não quer ser convencido. Essas pessoas podem ignorar-nos mas, felizmente, não podem ignorar a realidade. E, quanto mais tempo as pessoas ignorarem a realidade maior será o choque quando a realidade os colocar num beco sem saída - excepto uma saída para a verdade. Os gregos já diziam uma das grandes verdades da vida: só sei que nada sei! E eu digo: tudo o que eu sei está errado! Aprendemos muito sobre a vida ao ver os erros das personagens da BD. Assim, aprendemos com os erros dos outros e evitamos cometer nós próprios esses erros. A BD não pode servir apenas para ocupar o tempo. Depois de ler uma revista de BD temos que poder dizer: sou melhor do que era antes.
Eis algumas das leis fundamentais que aprendemos na BD:
- O bem acaba sempre por vencer o mal (se não for na nossa geração será na seguinte :) ).
- Quando os fortes oprimem os fracos, os heróis defendem os oprimidos.
- Os heróis não matam.
- A prosperidade é conseguida com trabalho.
Durante os anos escolares fiz algumas histórias de BD para as disciplinas de desenho mas nunca levei isso muito a sério. A história mais comprida que fiz tinha 10 páginas e chamava-se Viagem No Tempo. O maior problema desta história é a falta de emoção dos personagens. Para ter sucesso, os personagens têm que demonstrar grandes emoções para apelar à emoção dos leitores.
Clica na imagem para ler a BD "Viagem No Tempo".
Sobre os catálogos, aos 12 anos comecei a fazer uma lista das revistas que tinha para melhor gerir a minha lista de faltas. A lista incluia o nome do herói e o título. Comecei a fazer a fazer a lista com esferográfica e depois fiz uma tentativa com máquina de escrever.
Em 1984 eu já tinha 2000 revistas de BD. Foi então que surgiram os computadores pessoais e eu fiz um programa para gerir a minha lista de revistas. Podem ver aqui um exemplo de uma pesquisa sobre o herói Mam'selle X. Algumas linhas não têm título porque eu ainda não tinha as revistas todas.
O primeiro catálogo no computador ZX Spectrum.
No ano 2000 comecei a catalogar BD na internet no site clix. Depois, no ano 2001, criei o site www.bdportugal.info. Nessa algura também fiz uns testes de digitalizações mas, naquela época os computadores eram demasiado lentos e tinham pouca memória de disco. E, assim, o projecto foi adiado mas acabou por renascer com o Gizmo e o Tralhas. Quando comecei a colocar a informação no site www.bdportugal.info, várias pessoas começaram a pedir-me livros de BD. Então, comecei a vender os livros que tinha comprado para criar a base de dados e, isto resultou na criação de uma loja de BD em www.bdportugal.com.
Clica na imagem para aceder ao site BDPortugal.com
Em 2010, depois de catalogar 30.000 livros parei o trabalho em www.BDPortugal.info e copiei a base de dados para o site www.Bazar0.com. O trabalho de catalogação continua aí...
Clica na imagem para aceder ao site Bazar0.com
Para os que preferem os catálogos em papel, estão disponíveis alguns:
Clica na imagem para aceder à lista completa
Para os que têm saudades da BD que já não se publica, editei uma nova série de O Falcão com aventuras não publicadas e uma nova série da colecção Espaço:
Clica na imagem para aceder à lista completa
E agora, algo completamente diferente. Eis algumas coisas que eu fiz nos tempos livres para me divertir:
- Filme: A Tinta Mágica (1991).
- Filme: Verdadeiro Amor (1991).
- Programa de rádio: Grocagem (1992).
- Ensaio sobre o futuro da humanidade: Uniorder (2014).
- Depósito digital: Arca Lusitana (2021) com BD e jogos ZX Spectrum.
- Vejam também o meu canal Youtube (a maior parte dos videos são pequenas cenas cómicas de filmes).
Adeus até ao meu regresso.
Muito Obrigado.
ResponderEliminarEstes blogs deram-me a "conhecer" pessoas que muito admiro pela dedicação que pões nos mesmos.
Gizmo, Xunga, Lobo Sentado e agora fico a saber quem está por trás do site que muitas vezes consulto ( www.BDPortugal.info ), Oliveira.
Não posso nem devo esquecer todos os que com eles colaboram.
Muito obrigado a todos
O site bazar0.com está mais atualizado que o site bdportugal.info
EliminarMuito Obrigado! Ao ler a historinha do Zé Oliveira, voltei atrás no tempo, pois na essência vivenciei um percurso muito parecido.
ResponderEliminarE é finalmente graças ao Tralhas Várias (e ao Amigo Gizmo) que fico a conhecer algumas das pessoas que formam a equipa que mais contribui, na digitalização e no restauro destas "preciosidades", nomeadamente as publicadas em Portugal, que assim podem ficar disponíveis.
Bem hajam 😊👍
Adorei ler. Há algo que ambos temos em comum (eu e o Zé Oliveira) . O facto de eu ter vivido em Buarcos (próximo da Figueira da Foz) toda a minha infância e parte da minha juventude. Lembro perfeitamente uma situação. Entrei numa habitação a convite de alguém que já não recordo quem era mas que tinha a casa cheia de BD. Foi algo mágico que aconteceu e acabou por despontar mais ainda o meu interesse por BD. Bem haja ao nosso amigo Zé Oliveira por partilhar esta história de vida assaz interessante. 😊👍
ResponderEliminarOlá Zé.
ResponderEliminarUso o bdportugal desde o ínicio como fonte e referência bibliográfica. No início era apenas para ver as capas da Combate da qual eu tinha poucos números e era fã.
Também cheguei a comprar algumas revistas no site.
Acho que nunca o fiz publicamente mas aproveito agora a oportunidade para o fazer ... Obrigado por todo o esforço que fez em obter e catalogar informação sobre a BD em português. Para mim o Zé Oliveira (e o bdportugal.info) terão sempre um lugar especial reservado no que diz à banda desenhada. Obrigado!
Obrigado.
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